terça-feira, 23 de setembro de 2008

Marsupials in Brazil?

O Brasil possui cerca de 46 espécies de marsupiais, com as mais variadas formas e hábitos. No entanto, a maioria das pessoas crê que os marsupiais existem apenas na Austrália, ignorando totalmente a grande diversidade brasileira destes animais. A fim de homenageá-los, escreverei um pouco sobre estes incríveis mamíferos brasileiros!

Relembrando a escola: os marsupiais são mamíferos que em geral possuem uma bolsa marsupial, onde protegem e amamentam seus filhotes durante o período final de gestação. Notem que nem todos os marsupiais possuem de fato o marsúpio, e talvez por isso algumas pessoas os confundam com roedores. Hoje em dia eles habitam a Oceania e a América do Sul, embora algumas espécies tenham invadido em um segundo momento a América do Norte. Cabe a pergunta: por quê diabos só vemos marsupiais nesses lugares?

Para respondermos esta pergunta, teremos que recorrer à geologia do Cretáceo, que é quando os cientistas acreditam que esse grupo tenha se originado, baseado no registro fóssil. Peraí. Se os marsupiais são caracterizados pelo marsúpio, como os cientistas sabem quando eles se originaram? Uma série de características ósseas, bem preservadas no registro fóssil, garante uma diagnose precisa dos marsupiais, como fossas no palato, entre outras características mais específicas.

Voltando... Se repararmos bem na figura abaixo, veremos que no Cretáceo, a Antártica (que é um continente, e não apenas um bloco de gelo), a América do Sul e a Oceania estavam unidas, garantindo o fluxo entre os continentes.
Essa conexão entre estes continentes, e o isolamento com os outros continentes, restringiu a distribuição dos marsupiais àquela que vemos hoje. Se não há mais marsupiais na Antártica, é porque o gelo subseqüente à separação dos continentes extinguiu a maior parte das espécies que viviam ali.

Todos os marsupiais do Brasil pertencem à família Didelphidae, cujas espécies são geralmente mais ativas à noite e possuem grande diversidade de hábitos locomotores e alimentares.
O Gênero mais representativo da família é o gambá Didelphis. Os gambás deste gênero andam pelo chão e sobre ávores (escansoriais), especialmente quando são mais jovens. Estes marsupiais possuem o interessante hábito de se fingirem de mortos, quando o perigo é iminente. Nessas horas, eles liberam um odor semelhante ao de carne em putrefação, o que os dá um aspecto de mortos. Acredita-se que isso desencoraje possíveis predadores. Estes animais são onívoros, podendo comer quase qualquer coisa orgânica que se apresente a eles.

O Brasil possui ainda o único marsupial semi-aquático (com algumas adaptações para nadar) do mundo: Chironectes minimus (significa “o menor dentre os que nadam com as mãos”), ou gambá-d’água e cuíca-d’água, na linguagem popular. Ele possui membranas entre os dedos das patas de trás, o que o permite nadar de forma mais eficaz. Esses animais se alimentam preferencialmente de pequenos crustáceos presentes nos rios onde vivem. O padrão de cores alternando branco-acinzentado com preto em suas costas os camufla perfeitamente nos locais de águas agitadas dos rios de águas claras em que vivem. Os machos desta espécie possuem também um marsúpio, mas em vez de guardar os filhotes, guardam seus testículos, para manter a temperatura constante nas gônadas e garantir seu sucesso reprodutivo!

Por fim, falarei sobre a cuíca Caluromys, cujo nome popular também nomeia um instrumento homônimo, bastante conhecido aqui no Brasil. O som produzido por estes marsupiais arborícolas é similar ao som da cuíca (instrumento)! Eles se deslocam sobre as árvores, de onde conseguem seus alimentos: frutos e flores, basicamente. Possuem proporções do corpo similares às de primatas, o que possivelmente está relacionado à semelhança de hábito (arborícola-frugívoro).

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre estes fantásticos animais, que, aqui no Brasil, são muitos e com diversos hábitos ecológicos. Peço que deixem críticas e sugestões, e especialmente dúvidas, para que possamos dialogar um pouco!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Um diálogo sobre a vida

Não tenho pretensão alguma de querer ensinar nada a ninguém. A verdade é que alguns animais e suas respectivas histórias de vida são, para mim, tão interessantes, que resolvi criar este blog, onde pretendo postar belas fotos com alguns comentários. A intenção é fazer daqui uma troca de idéias, e por isso o nome biodiálogo. Se conseguir despertar alguma curiosidade nas mente de vocês, interlocutores, e co-autores deste blog, ficarei um tanto mais feliz. Aqueles que buscam inspiração para música, arte e poesia, por vezes encontrarão aqui uma fonte de formas, cores e expressões em geral.

Meus interesses na biologia passam mais pelo conhecimento zoológico, o que fará com que a maioria dos posts seja em torno dos animais, suas forma e evolução. Vez ou outra, encontrarão por estas bandas algo sobre plantas, ou outro ser vivo fantástico.

Por hoje, não abordarei mais nada, a fim de não perder os leitores com menos tempo disponível. Me despeço, apresentando-lhes uma imagem do livro "Ontogeny and Phylogeny" do Stephen Jay Gould, um falecido autor muito interessado na evolução animal. Esta foto aponta a enorme similaridade entre nós, humanos, e filhotes de chimpanzés, nossos parentes vivos mais próximos. Curioso, não?