sábado, 10 de janeiro de 2009

O preço do sexo


Meus amigos, não é preciso ser Doutor em Biologia para saber que às vezes o sexo sai caro. Isto significa que é simples entender o custo do sexo, difícil é explicá-lo. Como assim!? Para chegar lá, vou começar fazendo uma pequena introdução, com todo o respeito, e depois aprofundaremos um pouco mais... discutindo sexo até os mais religiosos concordarem que nem sempre o sexo tem função reprodutiva.
Você deve estar aí, se gabando de ter conhecimento pleno sobre o sexo, mas eu vos pergunto de cara: o que é sexo? Bom, para você pode ser o que quiser, mas para a Biologia, sexo significa cariogamia, ou fusão de material genético, e a troca deste material.
Portanto, não se deixe enganar: sexo, só com cariogamia!
Isso significa então, que toda vez que ocorre troca de material genético é sexo, mas não necessariamente reprodução. É duro, mas é a verdade. Quando entendemos a reprodução como a origem de um indivíduo completamente novo a partir de um progenitor, fica mais fácil. Já chego lá.
No caso de muitos seres unicelulares, como os ciliados do gênero Paramecium, por exemplo,
o sexo ocorre independentemente da reprodução, da seguinte forma:
Notem que os paramécios possuem originalmente um micronúcleo e um macronúcleo cada. Os macronúcleos se desfazem, e os micronúcleos se duplicam, em cada um dos paramécios; eis que então as células se conjugam e fazem um maravilhoso sexo a dois. Trocam uma das cópias de seus DNAs, e após este momento mágico, as células se separam. Isso mesmo: houve sexo, sem reprodução, porque havia duas células antes da conjugação e há duas células depois dela. A partir daqui ocorre meiose, mas a reprodução destes protozoários é por fissão binária.
Por quê então o sexo sai caro? Na reprodução assexuada, todo o material genético é passado para a próxima geração, que será composta de clones do progenitor. Já na reprodução sexuada, metade do material genético da mãe é perdido na próxima geração, porque metade do genoma do embrião será do pai e metade da mãe. Mas se é tão caro assim, como este modo de reprodução manteve-se na maioria das formas de vida pluricelulares? Não há um veredito sobre o assunto. Vale lembrar que reprodução sexuada e a cópula não são sinônimos! A cópula é apenas a passagem de material genético dos animais de reprodução interna, enquanto a reprodução sexuada precisa necessariamente gerar um novo indivíduo contendo metade dos genes do pai e metade da mãe.
Além do mais, considerando que a fecundidade (quantidade de filhotes/ indivíduo) é igual para fêmeas que se reproduzem sexuadamente e assexuadamente ao longo das gerações a freqüência de indivíduos sexuados tende a cair na população. Olhando pro esquema fica mais fácil:
Pelo seguinte: considerando que a parte da população que se reproduz sexuadamente vai precisar dividir-se ainda em machos e fêmeas, a proporção de fêmeas sexuadas tende a cair, numa população onde as duas existam. Por isso é tão difícil de explicar o sexo, apesar de entender seu custo ser mais fácil!
Existem algumas idéias que tentam explicar a permanência do sexo na maioria das linhagens evolutivas, e a implicância da manutenção do sexo (e aqui entendam por cariogamia) para nós, humanos. Mas esta é uma outra história.


Para saber mais:

Ridley, M (2004) Evolução, 3a Edição. Editora Artmed, Porto Alegre.