O Brasil possui cerca de 46 espécies de marsupiais, com as mais variadas formas e hábitos. No entanto, a maioria das pessoas crê que os marsupiais existem apenas na Austrália, ignorando totalmente a grande diversidade brasileira destes animais. A fim de homenageá-los, escreverei um pouco sobre estes incríveis mamíferos brasileiros!
Relembrando a escola: os marsupiais são mamíferos que em geral possuem uma bolsa marsupial, onde protegem e amamentam seus filhotes durante o período final de gestação. Notem que nem todos os marsupiais possuem de fato o marsúpio, e talvez por isso algumas pessoas os confundam com roedores. Hoje em dia eles habitam a Oceania e a América do Sul, embora algumas espécies tenham invadido em um segundo momento a América do Norte. Cabe a pergunta: por quê diabos só vemos marsupiais nesses lugares?
Para respondermos esta pergunta, teremos que recorrer à geologia do Cretáceo, que é quando os cientistas acreditam que esse grupo tenha se originado, baseado no registro fóssil. Peraí. Se os marsupiais são caracterizados pelo marsúpio, como os cientistas sabem quando eles se originaram? Uma série de características ósseas, bem preservadas no registro fóssil, garante uma diagnose precisa dos marsupiais, como fossas no palato, entre outras características mais específicas.
Voltando... Se repararmos bem na figura abaixo, veremos que no Cretáceo, a Antártica (que é um continente, e não apenas um bloco de gelo), a América do Sul e a Oceania estavam unidas, garantindo o fluxo entre os continentes.
Essa conexão entre estes continentes, e o isolamento com os outros continentes, restringiu a distribuição dos marsupiais àquela que vemos hoje. Se não há mais marsupiais na Antártica, é porque o gelo subseqüente à separação dos continentes extinguiu a maior parte das espécies que viviam ali.
Todos os marsupiais do Brasil pertencem à família Didelphidae, cujas espécies são geralmente mais ativas à noite e possuem grande diversidade de hábitos locomotores e alimentares.
O Gênero mais representativo da família é o gambá Didelphis. Os gambás deste gênero andam pelo chão e sobre ávores (escansoriais), especialmente quando são mais jovens. Estes marsupiais possuem o interessante hábito de se fingirem de mortos, quando o perigo é iminente. Nessas horas, eles liberam um odor semelhante ao de carne em putrefação, o que os dá um aspecto de mortos. Acredita-se que isso desencoraje possíveis predadores. Estes animais são onívoros, podendo comer quase qualquer coisa orgânica que se apresente a eles.
O Brasil possui ainda o único marsupial semi-aquático (com algumas adaptações para nadar) do mundo: Chironectes minimus (significa “o menor dentre os que nadam com as mãos”), ou gambá-d’água e cuíca-d’água, na linguagem popular. Ele possui membranas entre os dedos das patas de trás, o que o permite nadar de forma mais eficaz. Esses animais se alimentam preferencialmente de pequenos crustáceos presentes nos rios onde vivem. O padrão de cores alternando branco-acinzentado com preto em suas costas os camufla perfeitamente nos locais de águas agitadas dos rios de águas claras em que vivem. Os machos desta espécie possuem também um marsúpio, mas em vez de guardar os filhotes, guardam seus testículos, para manter a temperatura constante nas gônadas e garantir seu sucesso reprodutivo!
Por fim, falarei sobre a cuíca Caluromys, cujo nome popular também nomeia um instrumento homônimo, bastante conhecido aqui no Brasil. O som produzido por estes marsupiais arborícolas é similar ao som da cuíca (instrumento)! Eles se deslocam sobre as árvores, de onde conseguem seus alimentos: frutos e flores, basicamente. Possuem proporções do corpo similares às de primatas, o que possivelmente está relacionado à semelhança de hábito (arborícola-frugívoro).
Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre estes fantásticos animais, que, aqui no Brasil, são muitos e com diversos hábitos ecológicos. Peço que deixem críticas e sugestões, e especialmente dúvidas, para que possamos dialogar um pouco!
Todos os marsupiais do Brasil pertencem à família Didelphidae, cujas espécies são geralmente mais ativas à noite e possuem grande diversidade de hábitos locomotores e alimentares.
O Gênero mais representativo da família é o gambá Didelphis. Os gambás deste gênero andam pelo chão e sobre ávores (escansoriais), especialmente quando são mais jovens. Estes marsupiais possuem o interessante hábito de se fingirem de mortos, quando o perigo é iminente. Nessas horas, eles liberam um odor semelhante ao de carne em putrefação, o que os dá um aspecto de mortos. Acredita-se que isso desencoraje possíveis predadores. Estes animais são onívoros, podendo comer quase qualquer coisa orgânica que se apresente a eles.
O Brasil possui ainda o único marsupial semi-aquático (com algumas adaptações para nadar) do mundo: Chironectes minimus (significa “o menor dentre os que nadam com as mãos”), ou gambá-d’água e cuíca-d’água, na linguagem popular. Ele possui membranas entre os dedos das patas de trás, o que o permite nadar de forma mais eficaz. Esses animais se alimentam preferencialmente de pequenos crustáceos presentes nos rios onde vivem. O padrão de cores alternando branco-acinzentado com preto em suas costas os camufla perfeitamente nos locais de águas agitadas dos rios de águas claras em que vivem. Os machos desta espécie possuem também um marsúpio, mas em vez de guardar os filhotes, guardam seus testículos, para manter a temperatura constante nas gônadas e garantir seu sucesso reprodutivo!
Por fim, falarei sobre a cuíca Caluromys, cujo nome popular também nomeia um instrumento homônimo, bastante conhecido aqui no Brasil. O som produzido por estes marsupiais arborícolas é similar ao som da cuíca (instrumento)! Eles se deslocam sobre as árvores, de onde conseguem seus alimentos: frutos e flores, basicamente. Possuem proporções do corpo similares às de primatas, o que possivelmente está relacionado à semelhança de hábito (arborícola-frugívoro).
Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre estes fantásticos animais, que, aqui no Brasil, são muitos e com diversos hábitos ecológicos. Peço que deixem críticas e sugestões, e especialmente dúvidas, para que possamos dialogar um pouco!
14 comentários:
Bem redigido, muito bem explicado e de fácil entedimento.
Meu orgulho.
Beijos!
behind, vc é estupidamente didático! tenho orgulho de sua inteligência e perspicácia!
Realmente muito bom!
Rapaz, gostei muito das fotos!
Sabia que existiam marsupiais aqui, mas não tinha conta de que havia um semi-aquático nem nada.
Behind, o fato do desenvovimento se dar na bolsa(pelo menos parte dele) isto não é menos seguro que o desenvolvimento placentário, levando em consideração choques mecânicos?
Rapaz, é uma saga e tanto essa dos jovens marsupiaizinhos: eles saem do útero com cerca de 15 dias, do tamanho de um feijão. Precisam migrar para o marsúpio, em geral se guiando pelo cheiro (quimiotaxia), sujeitos à todo tipo de impactos desde então até estarem desenvolvidos o suficiente para saírem da bolsa.
Todavia, é mais seguro ter um marsúpio (que permite que que a mãe forrageie - saia em busca de alimento- sem deixar os filhotes) do que não ter!
Além do mais, os bichos estão aí, vivendo numa boa!
Abraço!
Eu fugi de dar um veredito. =P
Não sei dizer se é mais ou menos seguro do que o desenvolvimento placentário, porque o investimento energético parental das fêmeas plancentárias, nas fases finais, pode ser tão alto que elas ficam apenas nas tocas, dependendo de machos ou de vida social complexa.
Talvez seja mais seguro, mas o preço pago acaba sendo mais alto.
ahhhh bihbáh, a do rei!!!
idéia genial de fazer o blog,concordo com os comentários da lucy e da paula e tbm concordo em genero numero e grau com o seu veredito...bjinhos!
Gostei cara, muito legal!!!
E que o próximo texto seja sobre PEIXES!
Zizi!
Behind
MUito bom o texto , e muito legal o blog ...
Vc é uma caixa de surpresas :P
acho q farei visitas periodicas hehe
abração
Belíssima explicação sobre o assunto. Sou leigo, continuo leigo, mas agora pelo menos sei que um gambá é um marsupial! :)
Brincadeiras à parte, me espantei pela capacidade de redigir um texto com idéias extramemente organizadas, com explicações e curiosidades que tornariam até uma matéria sobre Paris Hilton interessante. Sem o artifício de fotos em nu frontal, que fique claro!
Parabéns novamente pela iniciativa, e aguardo ansiosamente por um novo post. Vou torcer para que seja sobre a descoberta e o comportamento dos illithids no subterrâneo. (Piada interna)
adorei!! muito bem escrito..
q bom q a ideia ta progredindo!!!
beijão!
Por favor, morreu um Gambá Didelphis na minha cx dágua e meu filho está 1 semana c diarreia. Esse marsupial transmite alguma doença??? por favor me responda. preciso saber como tratar meu filho, tem 6 anos. muito obrigada
Eu diria que o carregar os filhotes no útero, e não no marsúpio, até o final seria um sucesso evolutivo maior sim, tanto que os placentários substituíram os marsupiais na maioria dos nichos, na maioria dos lugares.
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